Quando eu era pequena minha avó já era velha. Vejo nas fotos, e em todas as minhas lembranças ela já era uma senhorinha que não podia comer sorvete por causa da diabete. É difícil saber que nada é eterno, nem eu. E a frase que serve de alento em alguns momentos, também traz essa verdade desconcertante.
A minha avó é uma raiz forte que ajudou a gerar tudo que conheço. E eu sou parte desse mundo moderno que devora a tradição. Ouvir a voz dela é receber o alento do mundo vivo, e me prender numa tela é ecoar em resposta o gelo de uma superfície metálica. É me perder em queda livre num mundo de câmeras, chips e códigos. Me juntar a nuvem cinza da informação que tem tudo para poucos.
Quando penso na ausência da minha avó, e por extensão na ausência da minha família, me vejo perdida no mundo vazio, frio e artificial. Totalmente desprovido das raízes que eu ajudei a cortar.
Assim caminha a humanidade?
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