quinta-feira, 28 de abril de 2022

Blogs, climas e uma conversa que ficou pelo mei do caminho.

Descobri hoje que um dos blogs que via na adolescência, e eram tão poucos que eu sempre considerei um site e não um blog, acabou há dois anos e eu não estava sabendo. Pesquisando sobre ele entrei um pouco em contato com o climinha de blog dos anos 2010, lembrei do blog da minha prima que pra mim é uma eterna relíquia do clima de jovem cool alternativo que me causava tanta admiração na época, e que me causa um certo conforto hoje. Uma mistura de imagens de sonhos e lembranças da pré-adolescência, comerciais de tv, cores de parede, jogos... Compõem esse clima que me refugia, que me alivia em momentos de angústia e que eu desejo mas não corro atrás realmente. 

Sempre que faço uma casa no the sims 2 eu tento recriar esse clima, esse cantinho utópico que fiz na minha cabeça. Uma das imagens que sempre me vem é a seguinte: Tem um grupo de jovens num espaço, como a frente de um prédio público de tijolos aparentes, a calçada é de tijolinhos, é noite. A luz amarela do poste ilumina e uma árvore enorme faz jogo de sombra. Toca charlie brown jr. e tudo é perfeito. Todas as emoções da cena "real" são ignoradas, as emoções dos personagens não interessam tanto quanto a segurança que esse cenário me passa. 

Na época em que eu me sentia muito perdida e assustada e não conseguia dormir, eu ouvia as aberturas de naruto e lembrava da minha cidade e esse clima me refugiava. Hoje quando sou perseguida por um monte de sentimentos estranhos e ruins que não sabia ser capaz de sentir, eu ainda recorro a ele vez ou outra. E mesmo quando estou bem, é uma nostalgia gostosa. 

A noite fica bonita nos olhos da minha imaginação. Livros, praças, janelas, céus, árvores e postes de luzes amarelas. Puxam outros climas bons. Puxam o céu preto com estrelas e a rua enorme de areia. Puxam os vasos pendurados no corredor e a voz de uma mulher, que poderia ser minha avó, cantando enquanto acordo vendo as luzes das telhas. Puxam as minhas noites ouvindo abertura de malhação. Puxam o cheiro de salsicha frita e de frango cozido. Puxam rolos de linha e imagens de jesus. E puxam outros climas fictícios (e não seriam todos? inventados, mudados pelo tempo, reinterpretados, romantizados?). 

E o cotidiano me puxa. O cheiro da fritura, o gosto do frango, o cheiro de um perfume ou cortes e cortes de pensamentos e climas rápidos, que me deixam muito mal. O texto não era sobre isso. Isso era pra outro texto que eu estava pensando em como escrever. Um texto que começava com algo do tipo "às vezes parece que eu parei de escrever pro blog pra escrever na agenda da terapia".

E lá pelo meio do texto eu escreveria algo como o incômodo e a tristeza que me deu outro dia quando lembrei que eu nunca quis ser uma daquelas pessoas com a boca repuxada pra baixo de tristeza. E o quanto foi ruim perceber que não sou mais a pessoa feliz que era antes, ou não tenho sido nos últimos meses, ou anos... Não quero perder a futura marquinha do meu sorriso antigo. E pensar nisso me deixou ainda pior.

O clima é uma junção de pensamentos, de crenças, de emoções que foram vividas e de expectativas e de conformidades. Tudo isso embolado, jogado, causa uma sensação. Tenho tentado desembolar os climas ruins da minha cabeça, entender pra desfazer. Como desfazer os ruins e não os bons? Como lidar com coisas ruins?

Minha sogra acha que o ano está passando rápido. Eu também acho e ao mesmo tempo tive semanas que duraram meses. E os últimos dois meses poderiam facilmente ter sido seis. Teve uma semana em que a semana anterior me parecia uma outra vida. Teve uma terça em que a segunda anterior me parecia uma outra vida. Teve uma segunda em que o beijo que eu dei as quatro da manhã parecia nunca ter existido às cinco da tarde. 

Tem dias que são mais fáceis que outros. Tem manhãs que são melhores que as tardes. Tem tardes que são menos ruins que noites. Tem noites que são melhores que as manhãs do dia seguinte. 

No começo do ano as coisas e lugares que me deixavam ansiosa agora me dão conforto. E lugares que me davam conforto me deixam ansiosa. Concluí que dadas as mudanças de contexto, as curas e as pioras, mesmo com essas diferenças tem uma coisa que tem que se ajeitada dentro de mim. Parece que o músculo de sentir andou quebrado e eu não consegui consertar ainda. Talvez sempre estivesse e eu não percebia. 

Tanto faz, eu faço terapia justamente pra não precisar ficar expondo publicamente todo o tormento da minha cabeça. Então vamos voltar ao tema do blog, mas antes de encerrar o assunto, eu queria dizer que no começo da pandemia eu ainda me achava a pessoa mais feliz, sã e livre de problemas que eu conhecia, e achava até injusto. Pois bem, a conta chega. 

Então, voltando ao lance dos blogs. Agora acabou o clima e acabou o assunto. Depois apareço e falo mais sobre. Nem tem tanto pra falar. No auge dos blogs (ao meu ver) eu tava jogando club penguin. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário