Você não toma banho antes de dormir quando está cansado e deixou certamente um pouquinho do suor e da sujeira do seu short espalhados no meu lençol, embora eu tenha evitado te cobrir.
Então hoje eu vou dormir com seu suor no meu lençol e também na minha camisola rosa.
Se você não viesse me ver, seria só a camisola que combina com a touca e mais uma noite.
Mas você veio e isso não dói nem marca.
Mas veio e por essa noite, a camisola é a que esteve espremida entre os nossos abraços.
Quando fechei os olhos mais cedo, de cansaço, sem saber como lidar com desligar a sua presença da minha vida, eu lembrei de ontem e de como eu tentei decorar a sensação da sua presença física pra lembrar hoje.
Eu me imaginei deitada na minha rede, lembrando da gente junto de um jeito quase abstrato. Como acontecia em diversas noites.
E estando lá eu quis gravar a objetividade do seu braço adormecido sobre o meu estômago.
E a objetividade do meu pé procurando o seu com um lençol no meio.
E a objetividade de sentir um calor e uma presença quaisquer por diversos e minúsculos fenômenos que a física deve ter documentado em leis anos atrás.
E durante todo o tempo em que estivemos juntos, notei a subjetividade da sua presença e a força que ela exerce sobre a minha realidade. Acho que sobre essa parte ciência nenhuma tem domínio.
Como sua presença muda a cor do meu chão. Como a vida desliza e não trunca, diferente de quando me vejo só, aqui, sem você.
As pessoas, quando estou contigo, são figurantes. E quando estou só são possibilidades e apreensões.
Quando estou contigo as coisas fluem de um momento a outro, momentos contigo, pequenas felicidades, pequenos prazeres e aventuras.
Quando estou só meu dia parece uma sucessão de atividades que precisarei repetir em algum tempo. Dia após dia.
Contigo passar o dia deitada faz sentido. Dormir ao seu lado e acordar te chamando faz sentido. Ver qualquer coisa ao seu lado e jogar uma conversa, e trocar um carinho, parecem simplesmente o motivo para o qual eu existo.
E sozinha eu não encontro motivos.
Quando estou só, nada do que eu tento parece fazer sentido e me levar a lugar algum. Ou assim me parece quando estou contigo. A minha felicidade tem lugar pra se manifestar, que é na sua presença.
Então tentei dormir essa tarde pra fechar o ciclo de te ver. Pra quando acordar ser outra que não te viu. E quando fechei o olho eu lembrei de como tento ficar confortável ao seu lado. Eu lembrei do seu braço no meu estômago, e caindo de sono eu vi seu rosto próximo do meu.
E depois dormi.
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